A querência amazônica e a physis em Heráclito de Éfeso, uma abordagem ontológica
Resumo
A querência é onde o ser se hominiza. É o topos de onde a ontologia emerge da imaterialidade para a dimensão somática. Numa complementaridade teórica da filosofia com a etnologia, este artigo trata da diferença ontológica entre a mentalidade ocidental e a maneira de ser nãoocidental, neste artigo denominada querência amazônica a partir da problemática fundante do questionamento consciente, a saber, a arché da existência inaugurada no século VI a. C. na fase pré-socrática e absorvida ao longo da construção e da constituição epistemológica ocidental que, se faz, em contraponto à narração mítica fundada e mantida na dualidade natureza e cultura. As argumentações são baseadas na concepção de physis e logos em Heráclito de Éfeso (540-470 a. C.) e na concepção etnológica de natureza e cultura de Lévi-Strauss (1982, p. 41-49). Os fragmentos de Heráclito são os traduzidos por Alexandre Costa (2002) com suas respectivas análises. As análises de Lévi-Strauss são as produzidas no capitulo I Natureza e Cultura, da sua obra As estruturas elementares do parentesco. O cerne do artigo é a diferença de conceito, função e tratamento dado à natureza pela mentalidade ocidental e o que a própria natureza é na concepção ontológica amazônica. O texto constitui-se de uma introdução, de uma contextualização da propedêutica filosófica em que o filosofar se fazia ainda numa mescla com a poética oral. Em seguida, apresenta-se um breve arcabouço da teoria etnológica de Lévi-Strauss acerca da dualidade natureza e cultura e, se conclui numa relevância acerca da importância da Amazônia enquanto ontologia na conjuntura planetária numa alusão à categoria de cosmos em seu étimo de equilíbrio na physis na qual o ser humano se encontra e com ela convive.
Palavras-Chave: Amazônia. Ontologia. Ocidente. Modernidade.
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